quarta-feira, 6 de agosto de 2008

LAMPIÃO E MARIA BONITA


Sou brasileiro, nascido em Juazeiro do meu Padim Ciço Romão vivendo no mundo da imaginação aprendi que Virgulino só tem um, Lampião tem muitos, eu sou um deles, não sou o cangaceiro que muita gente pensa que eu seja. Predestinado, inveterado de amor, fatigado de paixão. De noite rondo a cidade e te procurar, percorro noites de solidão, por não ter o que fazer, teimo em te querer, vivo à procura de Maria Bonita, uma menina de olhos escuros, nariz arrebitado e boca miúda. Louco por ti, te amo em segredo, apelando pra sorte, lembro-me da primeira vez que vi teu doce e ameno sorriso. Na esquina Glória com Conceição lá esta Lampião, olhos reluzentes, saudades intermitentes, pensando nisso busco um lugar ao sol, permaneço sonhando, acordo mesmo sem estar a teu lado, apois, mês de julho despedaçado, encabulado e destemido, vivo sempre escondido, iludido, o choro contido, perdido, feito cego em tiroteio. Vítima desse próprio amor tento brincar com todas as letras, mas como só tenho um olho só, olho pra traz, vejo lágrimas derramadas. Se vosmicê me conhece de verdade, pruquê sofro decepção? Trago-te no meu olhar e nos mistérios de mim mesmo progunto: pruquê sou assim? Eu não nasci pra sofrer, mas reclamo-me de uma dor insuportável, o sentimento descendente de uma infinita “saudade danada”. Distraído, confiante, sigo o barco adiante, sem ódio, sem rancor, palavras de um pensador que me ensinou a amar... Um dia, quem sabe a morte, o destino dirá mais uma vez que chorar sempre me fará sofrer e na manhã seguinte, no dia primeiro de agosto, a gosto de Deus, “serei o rei do teu coração”...


Alcely Júnior

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