quarta-feira, 20 de agosto de 2008

ANOITECENDO COM A POESIA

Abrindo o livro que há dentro do meu peito, expectativa... “Esse menino é danado!”, uma hora travesso, de um sorriso encantador, quase moleque; noutra homem feito, sensual e sem apelação, olhos verdes claros de menino claro, divertido, cheio de segurança. Porque sabe o que quer. A lembrança mais antiga de uma cantiga de niná, por tanto amor, não há maior conceito, o livro que há dentro do meu peito: o dia espera pelo teu bom dia, preciso ver o sol nascer, não posso deixar de andar pelas ruas que tu andas, a cadência de meus passos me transporta mais rápido ao meu cotidiano... Nesta cidade a gente se vê, vez em quando. Almoçando com as estrelas, deparo-me com loura da vila Três Marias, todos os dias, a palavra amiga, a resposta imediata de seu sofrimento, “Deus te faça feliz!”. Na feira de sábado, a saudade de dona Maria, nas esquinas todos os caminhos levam-me aos sonhos, metade de minha vida: o meio dia de solidão: a simplicidade de Ciço cara de jaca, numa ilusão de fragmentos, engarrafo o infinito com sua presença. E se um dia eu tiver sorte encontrarei o sonhador J. Dreaming*. A tarde chega emoldurando a saudade e a tristeza de Olga Borelli o último poente diferenciado, uma tristeza que não tem mais fim! E se a lua aparecer, tudo se resumirá a um único sorriso, na boca de um luar. A noite é uma criança, daí começo a abrigar os mil corações solitários, tento conjugar verbos imaginários, meus gerúndios, morrendo, agora na hora de nossa morte amém? Nascendo, chorando, em fim, simplesmente anoitecendo...
Alcely Júnior

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